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Nuvenus Chovendus

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pontos de Alagamento



O Blog Nuvenus Chovendus mostra alguns pontos de alagamento pelo App iPad Nuvenus Chovendus.

Confira alguns pontos de alagamentos pelo iPad com Nuvenus Chovendus.
Nós fomos até os locais.

Pontos de Alagamento Jardim Pantanal

De galochas até os joelhos, cheguamos, no último dia 22, à Chácara Três Meninas, um dos nove bairros do chamado Jardim Pantanal, área de várzea do Rio Tietê invadida no fim da década de 80, na Zona Leste. Durante dois dias, eu e o fotógrafo Agliberto Lima convivemos com algumas das cerca de 3 000 famílias que tiveram sua vida marcada pelo dia 8 de dezembro, data em que o Rio Tietê transbordou e desde então fez com que aquele pedaço da cidade lembrasse realmente o Pantanal Mato-Grossense. Dono de uma das dez casas que ocupam o final da Travessa Laranjeira, o aposentado Ailton Sena Lima me disse que nunca tinha visto nada parecido desde quando se instalou ali, há dezessete anos. Dia desses, ele chegou a pegar um peixe no quarto e a matar cobras na sala. A última vez em que viram o chão seco foi em 7 de janeiro. Quando eu estava lá, uma lâmina d’água escura e malcheirosa invadia as casas. Caminhar por entre as algas e a lama negra que se levantava a cada passo era tatear no escuro. Buracos nas calçadas ficavam imperceptíveis e representavam um convite a quedas.




Pontos de Alagamento Moema

Era manhã de sexta-feira (22) quando cheguei à casa de número 46 da Avenida Ibijaú, em Moema. Para localizá-la não foi preciso nem checar a numeração. A chuva intensa que castigara a cidade na madrugada de quinta-feira também deixara seu rastro por ali. Com a enxurrada, o muro lateral da residência da pensionista Maria Lindinalva dos Santos, conhecida como Lindalva, ruiu. Cozinha, sala, dois quartos e banheiro foram tomados pela água. Acostumadas ao entra e sai de conhecidos e estranhos que vêm para prestar solidariedade, Lindalva e a filha, Ana Carolina Episcopo, me receberam sem surpresa. Impuseram duas condições para a minha hospedagem: que não me assustasse se a água invadisse novamente o imóvel e que não reparasse na bagunça. Acordo fechado. Com um colchão emprestado por uma vizinha — os da família estavam molhados.

Pontos de Alagamento Tremembé

Quando cheguei à Travessa Correntinos, vila em forma de “U” que fica no Tremembé, na Zona Norte, o que mais me chamou a atenção foram as comportas de ferro instaladas nos 92 sobrados do lugar. Contei uma a uma. Além de enfearem e descaracterizarem as fachadas, elas indicam o estado de refém daqueles que vivem ali.

Esse é o caso da manicure Maria Cristina Ottoboni, 55 anos, que há duas décadas não viaja no verão com medo de encontrar a casa alagada. “Fico para proteger minha família e salvar meus móveis”, conta ela, que mora com a mãe, a pensionista Aracy, o marido, o motorista Pedro, e o filho, o cobrador Ricardo. A renda familiar é de 2 000 reais.

As clientes que vão fazer as unhas (8 reais o pé e 7 reais a mão) no Salão da Cris, que fica na garagem, aproveitam para pôr a conversa em dia, tomar chá de gengibre e ver o noticiário pela televisão de 14 polegadas. É um ponto de encontro da vizinhança. Na sexta (22), um grupo de seis pessoas ficou tenso enquanto assistia ao Jornal Nacional. A meteorologia previa chuva intensa para o fim de semana — dias antes, a água havia superado em 30 centímetros o nível da rua. A partir daí, as conversas giraram em torno de lembranças de enchentes passadas: a cômoda que se rompeu quando encharcada, as roupas jogadas no lixo de tão encardidas e a televisão que parou de funcionar. “Pelo menos aqui não temos deslizamentos”, diz a dona de casa Giselle Alves.




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